quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Realmente, o melhor da Disney




Criado em 1934 por Walt Disney, Pato Donald apareceu pela primeira vez no curta animado A Galinha Sábia. O pato esquentado, originalmente dublado por um ex-entregador de leite que fazia imitações para atrair a freguesia chamado Clarence Nash, foi sucesso imediato. E a partir daí estrelou milhares de histórias em tiras de jornais, revistas em quadrinhos, cinema e tv. Foi a principal estrela dos longas animados Alô Amigos (1943) e Você Já Foi à Bahia? (1945), co-estrelados pelo simpático papagaio brasileiro Zé Carioca.


Em 1950 a editora Abril lançou no Brasil a revista do Pato Donald (que dividia a capa com Zé Carioca). A revista mensal continua sendo publicada até hoje pela mesma editora Abril. A título de curiosidade, um exemplar original da Pato Donald nº 01 foi trocado por um fusca usado no início de 1990.


Contudo, quem conseguiu explorar todo o potencial do Pato e sua familia foi o ,talvez,  melhor artista que já trabalhou para a Disney: Carl Barks.
Respeitado e admirado até mesmo por quem não é fã dos personagens dos estúdios Disney, Barks é considerado por muitos como um dos maiores e mais inventivos quadrinistas do século passado, ao lado de pesos pesados como Will Eisner (Spirit) e Hal Foster (Príncipe Valente).

Antes de iniciar sua carreira nos Estúdios Disney, Carl Barks trabalhou como chargista para a revista Calgary Eye-Opener, de Minneapolis. No fim dos anos 30, Barks começou a trabalhar para a Disney como animador, mas foi a partir de 1942, quando resolveu abandonar o estúdio de animação e se voltar para os quadrinhos da empresa, que o artista encontrou a obra de sua vida nas histórias do Pato Donald.

Numa época em que a Disney americana não dava crédito aos desenhistas e autores de suas histórias, Barks, com seu estilo de escrever e desenhar dinâmico e ao mesmo tempo detalhista, chamou a atenção dos leitores, que queriam saber quem era aquele artista. E acabou por quebrar o tabu da empresa de manter incógnitos seus colaboradores.


Barks é responsável pelo mais complexo e interessante microuniverso dentro do mundo Disney: Patópolis. Suas histórias inicialmente enfocavam as aventuras do Pato Donald e seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho. Aos poucos, Barks foi criando outros personagens para acrescentar mais tempero às histórias. São criações suas: Gastão, o primo sortudo e chato do Donald, que também tenta conquistar a Margarida; a bruxa Maga Patalógika, arquiinimiga do Tio Patinhas; o Professor Pardal, o cientista maluco de plantão, entre outros. Mas sua criação mais famosa é, sem dúvida, o sovina Tio Patinhas (Uncle Scrooge, no original), baseado na clássica personagem do Conto de Natal, de Charles Dickens (aquele dos três fantasmas do Natal).

Talvez uma das melhores características de Barks esteja no fato de que ele não se contentou em escrever histórias engraçadinhas mas, num lance de ousadia e criatividade, colocou Donald e família para viajar através do mundo, vivendo aventuras fantásticas em lugares exóticos, meticulosamente retratadas através de pesquisas na National Geographic. Barks era um daqueles poucos autores que sabia dosar momentos de humor, aventura e suspense na medida certa. Suas histórias inspiraram artistas do porte de Spielberg, que utilizou várias referências das criações de Barks para desenvolver parte das aventuras do arqueólogo Indiana Jones.

Em 1966 Barks abandonou os quadrinhos, mas não suas personagens. Em 1971 a Walt Disney Company concedeu-lhe uma inédita permissão de pintar telas a óleo da família Pato e demais personagens criadas por ele. Ele continuou pintando até 1976, quando a Disney revogou a autorização, devido à alta especulação em torno dos quadros.


Em 1987 a Disney lançou na tv um dos seus maiores sucessos: a série Ducktales, totalmente inspirada no trabalho de Barks.Ducktales contava as aventuras do Tio Patinhas e seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho, que foram deixados sob seus cuidados depois que Donald resolveu virar marinheiro de verdade. Além das carismáticas personagens criadas por Barks, outras não menos simpáticas foram integradas no elenco, como a governanta Madame Patilda e sua neta Patrícia, e o desastrado piloto capitão Boing. Um longa metragem da série, Ducktales: The Movie, Treasure of the Lost Lamp chegou aos cinemas em 1990. E uma série derivada, com participação do capitão Boing, DarkingDuck, que narrava as aventuras de um super-herói mascarado ao estilo do Batman, foi criada.
A família Pato chegou a estrear outra série animada anos depois, TV Quack Pack, na qual Donald deixa a marinha e vai trabalhar na TV junto com Margarida. Huguinho, Zezinho e Luizinho passam a ser adolescentes encrenqueiros, que adoram pegar no pé do tio. Mas, em termos de sucesso e qualidade, TV Quack Pack nunca consegui superar ou se aproximar de Ducktales.

 Em 1991 Carl Barks recebeu o prêmio "Disney Legends", em reconhecimento à importância de sua obra. Barks faleceu em agosto de 2000, aos 99 anos, deixando ainda uma última história do Pato Donald: Somewhere in Nowhere, escrita em 1997.

A Disney lançou um reboot de Ducktales agora em 2017, inspirado tanto no desenho original quanto na obra de Barks, que eu recomendo demais!








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